Durante o tratamento oncológico, o gengibre pode ajudar a aliviar náuseas, reduzir inflamação e oferecer suporte nutricional — com orientação e cuidado.


Introdução

Durante o tratamento com quimioterapia ou outras terapias oncológicas, é comum enfrentar sintomas como náuseas, vômitos, alterações alimentares e perda de apetite. Em meio a esse cenário, o uso de alimentos ou condimentos funcionais pode trazer suporte adicional ao corpo e ao bem‑estar. Um dos destaques é o Gengibre — versátil, simples, mas com várias pesquisas apontando benefícios que merecem atenção e orientação adequada.


Por que o gengibre pode ajudar

  • Em doses pequenas, como na forma em pó ou em cápsulas padronizadas, o gengibre mostrou em estudos a capacidade de reduzir a intensidade da náusea aguda causada pela quimioterapia. Por exemplo, um estudo com mais de 500 pacientes mostrou que doses entre 0,5 g e 1,0 g diárias ajudaram a diminuir a gravidade da náusea no primeiro dia de tratamento. PMC+2PubMed+2

  • Pesquisas e meta‑análises indicam que ele pode reduzir episódios de vômito agudo em pacientes oncológicos, quando usado como complementar aos medicamentos antieméticos. PMC+1

  • Além de agir nos sintomas de enjoo, o gengibre possui ação anti‑inflamatória e antioxidante, o que o torna interessante como parte de uma alimentação de suporte durante o tratamento. EatingWell+1

  • Há ainda indícios, embora mais preliminares, de que compostos do gengibre (como o gingerol) podem exercer efeitos em mecanismos celulares que participam do crescimento tumoral. Esse tipo de evidência, entretanto, ainda é incipiente e não substitui tratamento médico.


Como utilizar com segurança

  • Prefira formas simples: pó de gengibre, chá leve ou cápsulas padronizadas, conforme orientação profissional.

  • Estudos sugerem que doses da ordem de 0,5 g a 1,0 g por dia, iniciadas alguns dias antes da quimioterapia ou no início dela, obtiveram melhores resultados para reduzir vômitos agudos. PubMed+1

  • Importante: o gengibre não substitui a medicação antiemética ou o acompanhamento nutricional especializado. Ele deve ser usado apenas como complemento, com acompanhamento.

  • Verifique com o oncologista e nutricionista: algumas interações ou restrições podem existir, especialmente se houver uso de medicamentos anticoagulantes ou com histórico específico.

  • Observe como o corpo reage: se houver queimação estomacal, azia ou intolerância, o uso deve ser ajustado ou interrompido.


Dicas práticas para incluir o gengibre na rotina

  • Misture meia colher de chá de pó de gengibre em iogurte ou vitamina, se a tolerância permitir.

  • Prepare um chá de gengibre: ferva água, adicione um pedaço pequeno de gengibre fresco ou meia colher de chá de pó, deixe em infusão 5 a 10 minutos, coe e beba em temperatura morna.

  • Use o gengibre como tempero suave em preparações culinárias: legumes refogados, caldos leves ou sucos com gengibre e frutas que agradem.

  • Tenha sempre em mente que o foco é a tolerância alimentar: se sentir náusea ao sabor forte ou aroma intenso, experimente quantidades menores ou combinações mais suaves.


Conclusão

O gengibre pode sim ser uma aliada valiosa durante o tratamento oncológico — ajudando a aliviar náuseas, complementando a alimentação, oferecendo ação anti‑inflamatória e potenciando o conforto nutricional. Mas reforço: não pode ser visto como substituto de medicação ou da orientação profissional. Cada cuidado conta. E a gente segue junto.

Por Socorro Coelho, nutricionista oncológica

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