
Introdução
Imagine dois pacientes diagnosticados com o mesmo tipo de câncer, submetidos ao mesmo tratamento. A única diferença? O estado nutricional no momento de iniciar a terapia. Um deles iniciou com o corpo preparado — ou seja, nutrido, com reservas, em bom estado — e teve mais força para enfrentar o tratamento e melhor recuperação pós‑terapia. O outro, que começou debilitado, teve desempenho pior, mesmo com o mesmo medicamento. Esse cenário ilustra uma verdade essencial: o estado nutricional importa — e muito — no tratamento oncológico.
Importância da Nutrição em Oncologia
A nutrição oncológica desempenha papel central para que o paciente mantenha um estado nutricional adequado durante o tratamento do câncer. Isso ajuda a:
-
melhorar a tolerância a tratamentos como quimioterapia e radioterapia;
-
reduzir efeitos colaterais que interferem na alimentação e nas reservas corporais;
-
fortalecer o sistema imunológico e manter massa muscular.
Um diagnóstico nutricional precoce permite que o profissional de saúde identifique deficiências, intervenha rapidamente, evite desnutrição, preserve energia e músculo, e promova uma recuperação mais eficaz.
Benefícios de um Diagnóstico Nutricional Precoce
Quando a avaliação nutricional acontece no início do tratamento oncológico, os ganhos podem ser significativos:
-
Melhor resistência física e imunológica para enfrentar o tratamento;
-
Redução de efeitos colaterais, como náuseas, fadiga e perda de peso acentuada;
-
Melhor qualidade de vida e disposição, durante e após o tratamento;
-
Menor risco de complicações que podem levar a internações, interrupções do tratamento ou diminuição da dose planejada;
-
Recuperação mais rápida e eficaz, com melhor preservação da massa muscular, reservas nutricionais e força.
Esses pontos estão bem suportados pela literatura que mostra que pacientes com bom estado nutricional têm melhores resultados e menor toxicidade no tratamento. JAMA Network+2Frontiers+2
Por que vale investir tempo antes e durante o tratamento?
Porque entrar no tratamento com “a bateria carregada” faz diferença real. Quando o corpo está bem nutrido:
-
Tem maior reserva para lidar com agressões do tratamento;
-
Capta melhor nutrientes essenciais para reparo celular, imunidade e regeneração;
-
Tem menos perda de massa muscular, menos desgaste metabólico;
-
Facilita seguir o plano terapêutico sem tantas interrupções ou adaptações.
Por outro lado, quando o paciente se inicia a terapia em estado debilitado, com baixa musculatura, peso reduzido ou deficiências nutricionais, o caminho tende a ser mais difícil — independentemente de quão eficaz seja o medicamento ou a técnica utilizada.
Conclusão
Em oncologia, o tratamento vai além dos remédios, da cirurgia ou da radioterapia — inclui a nutrição como parte essencial do plano terapêutico. Garantir um bom estado nutricional antes e durante o tratamento não é luxo: é componente estratégico para alcançar melhores resultados clínicos, melhor tolerância, melhor qualidade de vida e melhor recuperação.
Por isso, investir tempo no cuidado da alimentação e no acompanhamento nutricional antes de iniciar a terapia e durante todo o percurso faz uma diferença significativa — tanto na eficácia do tratamento quanto no bem‑estar do paciente.
Por Socorro Coêlho, nutricionista oncológica

