Olá! Sou a Dra. Socorro Coêlho, nutricionista oncológica, e hoje quero abordar uma dúvida muito comum que recebo no consultório: quem está em tratamento contra o câncer pode comer chocolate? A resposta é: sim, pode — mas com escolhas conscientes e moderação.
Chocolate é permitido, mas nem todos são iguais
Quando falamos em chocolate, é importante destacar que nem todos são iguais. O mais indicado para pacientes oncológicos é o chocolate com alto teor de cacau, preferencialmente acima de 70%. Esse tipo de chocolate contém flavonoides, compostos bioativos com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Essas substâncias ajudam a combater os radicais livres, que são responsáveis por danos celulares e podem favorecer o desenvolvimento do câncer. Portanto, o chocolate amargo, além de ser mais saudável, pode trazer benefícios importantes para quem está em tratamento.
Benefícios emocionais e nutricionais do chocolate amargo
Além dos aspectos nutricionais, o chocolate também pode contribuir positivamente para o bem-estar emocional do paciente. Sabemos que o tratamento oncológico pode ser fisicamente e emocionalmente desgastante, e alimentos que trazem conforto e prazer, como o chocolate, ajudam a melhorar o humor e proporcionar
momentos de leveza. Esse impacto psicológico não deve ser subestimado, pois qualidade de vida também é parte essencial da recuperação.
Outro ponto relevante é que estudos vêm mostrando que o consumo moderado de chocolate com alto teor de cacau pode ajudar a manter ou melhorar o estado nutricional, inclusive em pacientes em cuidados paliativos. O chocolate, por ser calórico e palatável, pode auxiliar na ingestão de energia em momentos de inapetência, oferecendo suporte nutricional sem comprometer a segurança alimentar.
Atenção ao tipo de chocolate escolhido
No entanto, é fundamental lembrar que o consumo deve ser moderado e orientado por um profissional da saúde. Chocolates ao leite, brancos ou recheados, por exemplo, contêm quantidades elevadas de açúcar, gordura hidrogenada e aditivos químicos que não são recomendados, principalmente durante o tratamento oncológico. Por isso, sempre leia os rótulos com atenção e prefira versões mais puras e simples, com poucos ingredientes e maior teor de cacau.
Cada paciente é único: orientação é indispensável
Cada paciente tem necessidades específicas e respostas diferentes ao tratamento. Por isso, não existe uma regra única. A inclusão do chocolate na dieta deve sempre ser avaliada individualmente, levando em conta o estado clínico, os sintomas, o apetite, os objetivos terapêuticos e, claro, a orientação do nutricionista que acompanha o caso.
Conclusão: chocolate não é vilão
Em resumo, o chocolate não é um vilão — e pode, sim, fazer parte da alimentação de quem está em tratamento contra o câncer. Quando bem escolhido e inserido de forma consciente e equilibrada, ele pode trazer benefícios nutricionais e emocionais, contribuindo para o bem-estar integral do paciente

Comentários desabilitados