Durante a quimioterapia, perder peso em excesso pode ser um alerta. Saiba como adaptar a alimentação, aliviar enjoo e reintroduzir nutrientes de modo gentil e eficaz. Por Socorro Coelho, nutricionista oncológica.
Introdução
Fazer tratamento com quimioterapia pode trazer muitos desafios, entre eles, alterações no apetite, no paladar e até no peso corporal. Embora seja comum ouvir que “perder peso significa que o tratamento está funcionando”, na prática perder peso demais pode ser um verdadeiro alerta vermelho. Cuidar da nutrição durante esse período não é sobre “comer menos” ou “emagrecer para vencer”. É sobre nutrir-se bem para acompanhar o tratamento, preservar a força, a imunidade e a qualidade de vida.
Por que a perda de peso não deve ser vista como algo positivo
Quando o corpo perde peso rapidamente durante a quimioterapia, isso pode significar:
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Perda de massa muscular e reservas que o organismo precisa para enfrentar o tratamento
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Menor capacidade de absorver nutrientes, o que pode comprometer a recuperação e o bem-estar
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Risco aumentado de complicações, infecções ou atrasos na terapia
Mais do que “o tratamento está funcionando porque emagreci”, precisamos olhar para a nutrição que apoia o corpo frente ao desafio.
Principais obstáculos nutricionais durante o tratamento oncológico
Durante a quimioterapia, muitos pacientes relatam:
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Náuseas, vômitos ou sensação de enjoo constante, que dificultam a alimentação
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Mudança no paladar ou olfato, alimentos que antes agradavam agora não têm mais sabor ou incomodam
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Falta de apetite, ou sensação de saciedade precoce
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Perda de peso não intencional, relacionada ao tratamento e à menor ingestão de nutrientes
Estratégias de nutrição para minimizar a perda de peso e fortalecer o organismo
A seguir, compartilho algumas estratégias práticas que aplico com meus pacientes oncológicos, sempre respeitando seus limites, conforto e necessidades:
1. Fracionamento das refeições
Prefira 5 a 6 pequenas refeições ao longo do dia, ao invés de grandes porções. Isso ajuda quando o apetite está reduzido ou há saciedade precoce.
2. Alimentos com maior densidade calórica e nutricional
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Use azeite, abacate, castanhas, manteigas de oleaginosas
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Prefira laticínios integrais, queijos, iogurtes com mais gordura saudável
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Enriqueça preparações com leite em pó, aveia, sementes ou farinha de linhaça
3. Proteínas de qualidade
Inclua boas fontes de proteína para manter a massa muscular: ovos, carnes magras, frango, peixe, leguminosas (quando toleradas)
4. Adaptar aos sintomas
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Com enjoo ou náuseas: opte por preparações simples, frias ou com pouco aroma
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Paladar alterado: varie texturas, temperaturas e temperos até encontrar o que agrada
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Evite longos períodos sem comer. Jejum prolongado pode piorar os sintomas
5. Hidratação com valor nutricional
Além da água, inclua líquidos nutritivos como sucos naturais, chás, água de coco, iogurtes batidos e vitaminas
6. Ambiente, prazer e flexibilidade
Alimente-se em ambiente calmo, sem pressa. A alimentação precisa ser gentil, respeitosa e adaptada ao ritmo de cada um
Conclusão
Se durante o tratamento com quimioterapia você ou alguém que você ama está perdendo peso demais, isso não é um sinal positivo. É um alerta para buscar apoio nutricional.
A nutrição, quando bem conduzida, é uma aliada poderosa para preservar a força, a imunidade e a qualidade de vida durante o tratamento oncológico.
Se essa informação pode ajudar alguém, por favor, compartilhe. Nutrição é cuidado, é acolhimento, é estratégia. E você não está sozinho(a) nessa jornada.
Por Socorro Coelho, nutricionista oncológica
